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Os Templários


OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES GUERREIROS DE MANTOS BRANCOS COM CRUZES VERMELHAS

Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos:

Digam o que disserem determinados historiadores encastelados em sua erudição acadêmica, a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários continua envolta em inúmeros mistérios; e o mesmo acontece com a realidade profunda da sua missão, não a que se tornou pública, mas a missão oculta. Inúmeros locais ocupados e ou de propriedade dos cavaleiros Templários apresentam particularidades estranhas.




Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Capítulo I – O NASCIMENTO DA ORDEM DO TEMPLO – UMA BREVE HISTÓRIA DA ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS – Livro de Michel Lamy

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Atribuíram-se aos monges-soldados crenças heréticas, cultos curiosos e às suas construções, principalmente a Catedral de Chartres, significados e até poderes fantásticos. A seu respeito, fala-se de gigantescos tesouros escondidos (sendo o maior deles o CONHECIMENTO), de segredos ciosamente preservados e de muitas outras coisas.


Esta obra não tem a ambição de retomar toda a história da Ordem do Templo sob o ângulo dos acontecimentos fatuais, mas sim de esclarecer as suas zonas mais obscuras. No entanto, para compreender o que se passou, há que se ter presente no espírito que esta Ordem existiu por mais de dois séculos e evoluiu necessariamente. Quando chegou ao seu fim, não podia ser idêntica ao que era em seu nascimento. Mudou porque o seu ideal se viu confrontado com duras realidades.

Teve de se adaptar, uma e outra vez, tomar em mãos as questões temporais, perdendo sem dúvida, ao longo dos anos e das necessidades, uma parte da sua pureza original, tal como um adulto que por vezes tem dificuldade em encontrar em si a criança maravilhada, o minúsculo ser de olhos puros e inocentes que, no entanto, um dia foi.

A Ordem do Templo foi influenciada pelo seu tempo, mas este modificou-a, orientou-a, contribuindo para a História com as suas próprias correções. Para nos orientarmos nesta evolução, pareceu-nos útil apresentar, de forma muito breve, neste primeiro capítulo, uma história breve dos Templários e, sobretudo, da sua época.

Nos caminhos de peregrinação

Recuemos no tempo até ao final do século X. Hoje em nossa época, temos dificuldade em imaginar o que foram os terrores da chegada do ano 1000. A interpretação (carregada de ignorância e fanatismo) das escrituras convencera toda a cristandade de que o Apocalipse se produziria nesse ano fatídico. Revelação, no sentido etimológico do termo, mas também destruição, dor: regresso de Cristo à terra e julgamento dos homens, separação entre eles para mandar alguns para o paraíso, para junto dos santos, e os outros para o inferno, a fim de aí serem submetidos a tormentos eternos.

Os católicos viveram com angústia esse ano 1000 e a sua aproximação e passagem. E nada apocalíptico aconteceu, pelo menos nada pior do que nos anos precedentes. A Igreja enganara-se na sua interpretação das Escrituras? Deus teria esquecido os seus filhos na terra? Não, claro que não. Era algo diferente. A catástrofe fora evitada. Deus fora tocado pelas preces dos homens. Perdoara. Sim, mas por quanto tempo? E se apenas se tratasse de um adiamento? Era preciso rezar, cada vez mais, rezar sempre. No século anterior, os católicos tinham-se feito à estrada para irem em peregrinação a locais onde estavam enterrados os santos. Estes últimos haviam, sem
dúvida, intercedido em favor dos homens e Deus deveria ter-se deixado convencer.


Um dos santos mais eficazes deveria ter sido Santiago (irmão de Jesus) que, de Compostela, atraía milhares de homens e mulheres que deixavam a sua família, o seu trabalho, abandonando tudo para irem rezar àquele local da Galícia onde a terra terminava. Tinha-se passado perto da catástrofe final, as grandes fomes de 990 e 997 eram prova disso. Tinha-se evitado o pior, o método já era conhecido: era preciso cada vez mais que os homens se fizessem à estrada, que os monges rezassem, que todos fizessem penitência. Não seria conveniente ir mais longe, realizar a suprema peregrinação, a única que merecia verdadeiramente a viagem de uma vida: ir aos lugares onde o filho de Deus sofrera para resgatar os pecados dos homens, ir a Jerusalém?

Michelet escreveu: «Os próprios pés conheciam o caminho», e John Charpentier faz notar: Feliz aquele que regressava para a Europa! Mais feliz aquele que morria perto do túmulo de Cristo e que podia dizer-lhe, segundo a audaciosa expressão de um contemporâneo [Pierre d’Auvergne]: “Senhor, morrestes por mim e eu morri por vós”. Multidões cada vez mais numerosas puseram-se a caminho de Jerusalém. A cidade pertencia aos califas de Bagdá (Iraque) e do Cairo (Egito) que permitiam o livre acesso aos peregrinos. Mas tudo mudou quando os Turcos se apoderaram de Jerusalém, em 1090.


De início, contentaram-se com vexar os católicos e, por vezes, espoliá-los, infligindo-lhes humilhação atrás de humilhação, obrigando-os a executarem gestos contrários à sua religião. De escalada em escalada, a situação agravou-se: houve execuções, torturas. Falou-se de peregrinos mutilados, abandonados nus no deserto. De Constantinopla, o imperador Alexis Comnène lançara o sinal de alarme.

Libertar Jerusalém

O Ocidente emocionou-se. Não podia tolerar-se que os peregrinos fossem mortos. Não podiam deixar-se os lugares santos nas mãos dos infiéis muçulmanos. O ano 1000 passara, mas… Pedro, o Eremita, que assistira, em Jerusalém, a verdadeiros atos de barbárie, regressara muito decidido a erguer a Europa e pôr os cristãos no caminho de uma cruzada. Viram-no percorrer distâncias consideráveis, montado na sua mula, a que a multidão arrancava as crinas aos punhados, para com elas fazerem relíquias. Quando Pedro, o Eremita, passara por algum lugar, os espíritos encontravam-se inflamados; homens, mulheres, crianças, mostravam a impaciência de tudo deixarem para se dirigirem a um único destino: Jerusalém. E, uma vez lá, se veria o que se faria…

Do lado dos senhores feudais notava-se um pouco mais de prudência na atitude. Mais razão, sem dúvida, mas também muito mais a perder: as terras que já não seriam protegidas, os bens que poderiam atrair cobiças, etc. A 27 de Novembro de 1095, o papa Urbano II pregou num concílio provincial reunido em Clermont. E proclamou: «Cada um deve renunciar a si mesmo e carregar a cruz.» O sumo pontífice via aí também uma ocasião de meter na ordem esses leigos que se espojavam na luxúria e brindavam aos arruaceiros. Ir libertar Jerusalém seria o caminho da salvação.

Aos milhares, os peregrinos haviam costurado sobre as suas vestes cruzes de tecido vermelho, que viriam a valer-lhes o nome de cruzados. Inicialmente, foram os pobres e miseráveis, os mendigos, os famintos, que quiseram libertar Jerusalém, movendo-se ao caminho em bandos andrajosos que gritavam «Deus assim o quer!» E aqueles que não partiam faziam dádivas para que os outros tivessem com que sobreviver, durante a viagem. Alguns tomavam a decisão obedecendo a um impulso, a um sinal: uma mulher seguira um ganso que deveria levá-la à Cidade Santa.* Foram também referidos pássaros, borboletas e rãs que se pensava mostrarem o caminho. [* Há que ver aí uma similitude com o jogo da glória ou do ganso e o jogo da semana, que conduziam ambos ao Paraíso ou à Jerusalém celeste (cf Michel Lamy, Histoire secrète du Pays Basque, Albin Michel).]

Pedro, o Eremita, e o seu lugar-tenente, Gauthier-Sans-Avoir, arrastavam atrás de si uma multidão heterogênea de miseráveis de toda a Europa que começou a sua cruzada matando os judeus do vale do Rio do Reno e pilhando os bens dos camponeses húngaros. Chegaram a Constantinopla no sábado de Aleluia de 1096. Foi o início do fim. Na Ásia Menor, depois de Civitot, uma parte desses cruzados mal armados que não sabiam combater foi massacrada. Os sobreviventes pereceram quase todos de fome ou de peste, em frente a Antioquia.

Estes últimos viram chegar então – melhor seria dizermos, por fim – o exército dos cruzados, o dos homens de armas que tinham acabado por seguir o exemplo dos mendigos e miseráveis. Fortemente armados, determinados, esses guerreiros apoderaram-se de Antioquia. O objetivo final estava próximo: Jerusalém, terra prometida. Os cantos religiosos elevaram-se mal avistaram as muralhas da cidade. Deixou de haver mendigos e nobres, restando apenas católicos em êxtase, maravilhados com a sua façanha.


A 14 de Julho de 1099, a tropa pôs-se em movimento e atacou a cidade. Jerusalém foi conquistada, num fogoso ímpeto, logo na manhã do dia 15. No entanto, os cruzados não eram santos. De passagem, tinham pilhado e violado, a ponto de os cristãos orientais se terem visto forçados a refugiar-se junto dos Turcos: era inconcebível. Em Jerusalém, também não se comportaram com nenhuma caridade (cristã) digna de nota. Inúmeros muçulmanos (homens, mulheres, idosos e crianças) tinham-se refugiado na mesquita Al-Aqsa; os católicos desalojaram-nos e fizeram uma hecatombe ao passar a todos à fio de espada.

Um cronista anotava: «Lá dentro, o sangue chegava-nos aos tornozelos», e Guilherme de Tiro precisava: “A cidade apresentava um espetáculo tal de carnificina de inimigos muçulmanos, uma tal efusão de sangue, que os próprios vencedores se sentiram chocados pelo horror e a repugnância”. Durante uma semana, sucederam-se os massacres e combates de rua, até o odor do sangue provocar náuseas.

O reino latino de Jerusalém

No entanto, os cruzados tinham fincado pé na Terra Santa e tencionavam ficar por lá. Foi fundado o reino latino de Jerusalém. Godofredo de Bouillon foi nomeado rei, mas recusou-se a cingir a coroa naquele lugar onde Cristo apenas usara uma coroa de espinhos. Godofredo, o rei cavaleiro do cisne, morreria pouco depois, em 1100. Para além do reino de Jerusalém, que se estendia desde o Líbano até o Sinai, formaram-se progressivamente três outros Estados: o condado de Edessa, a norte, meio franco meio armênio, fundado por Balduíno de Bolonha, irmão de Godofredo de Bouillon; o principado de Antioquia, que ocupava, grosso modo, a Síria do Norte, e, finalmente, o condado de Antioquia.


Godofredo foi substituído por Balduíno I. A conquista fora realizada mas agora tratava-se de conservar e administrar os territórios obtidos. Era conveniente conservar as cidades e as praças fortes e velar pela segurança das estradas. O inimigo fora vencido, mas não eliminado. Fundaram-se ordens, a que foram atribuídas missões diversas. Houve, entre outras, a Ordem Hospitaleira de Jerusalém, em 1110, a Ordem dos Irmãos Hospitalários Teutônicos, em 1112, e a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo (futuros Templários), em 1118, quando Balduíno II era rei de Jerusalém.

O nome de Ordem do Templo só aparece em 1128, por ocasião do Concílio de Troyes, que codificou a sua organização. Em 1130, São Bernardo escrevia o seu De laude Novae Militiae ad Milites Templi, para assegurar a divulgação da Ordem. Dentro em pouco, as doações tinham-se tornado importantes, o recrutamento progredia e, quando o primeiro Grão-Mestre, Hugues de Payns, morreu, em 1136, sucedendo-lhe Robert de Craon, a Ordem do Templo já era coesa. Três anos mais tarde, Inocêncio III reviu alguns aspectos da regra e concedeu ao Templo privilégios exorbitantes.

Em 1144, Edessa foi retomada pelos muçulmanos, o que levou à organização da segunda cruzada, pregada por São Bernardo em 1147, enquanto a Ordem dos Templários continuava a adaptar-se e desenvolver-se. A operação viria a tornar-se num malogro, mas, no terreno, os cruzados resistiam, ainda assim, bastante bem aos assaltos muçulmanos. Todavia, Saladino (Ṣalāḥ ad-Dīn Yūsuf ibn Ayyūb) conseguia, pouco a pouco, unificar o mundo do Islã no Oriente Médio. Em 1174, apoderava-se de Damasco (Síria) e, em 1183, de Alepo. Em seguida, após o desastre de Hattin, onde morreram inúmeros católicos, Saladino conseguiu retomar Jerusalém, em 1187 (conquista reproduzida no filme Cruzada (Kingdom of Heaven), reduzindo assim o reino latino à região de Tiro.

Acima: Saladino e Guy de Lusignan. Em julho de 1187, Saladino capturou a maior parte do reino de Jerusalém. No dia 4 de julho de 1187 ele deparou-se, na Batalha de Hattin, com as forças combinadas de Guy de Lusignan, Rei Consorte de Jerusalém, e Raimundo III de Trípoli. Somente na batalha, o exército Cruzado foi em grande parte aniquilado pelo exército motivado de Saladino, naquilo que foi um desastre completo para os cruzados e uma virada na história das Cruzadas.

Uma terceira cruzada foi organizada em 1190, quando Robert de Sablé era Grão-Mestre da Ordem do Templo. Viria a permitir reconquistar Chipre e Acre, em 1191. Reunia Filipe Augusto, Frederico Barba Ruiva e Ricardo Coração de Leão. Este último bateu Saladino em Jafa e, depois, tendo sido vencido, tentou regressar a Inglaterra disfarçado de templário. Reconhecido, foi feito prisioneiro, uma história que é bem conhecida de todos quantos, na infância, vibraram com as aventuras de Robin Hood dos Bosques de Sherwood em Nottingham. Infelizmente, ao contrário do que reza a lenda, Ricardo Coração de Leão não foi o rei nobre que é descrito com bonomia e esteve longe de se comportar sempre de forma cavaleiresca. Morreu em 1196, três anos depois de Saladino e de Robert de Sablé.

Em 1199, foi decidida a quarta cruzada que teve muitas dificuldades para se pôr a caminho. Quando os cruzados avistaram Constantinopla, em 1202, esqueceram o seu objetivo, conquistaram a cidade, pilharam aquele reino cristão ortodoxo e organizaram os Estados Latinos da Grécia. Esse evento levou à fundação do Império Latino e à consolidação do Grande Cisma do Oriente entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. No final desse século XIII, Wolfram von Eschenbach escrevia o seu Parzifal, onde os Templários apareciam como os guardiões do Santo Graal,dando inicio a lenda que perdura até os dias atuais.

Depois de se ter desviado do seu objetivo, a Palestina, para pilhar o reino bizantino, a cavalaria ocidental – nomeadamente a francesa – deve ter dito a si própria que não era necessário ir tão longe para enriquecer. Em 1208, foi pregada nova cruzada, mas esta consistia em ir sangrar o Sul de França, onde os Cátaros opunham a sua heresia gnóstica a um clero local pouco convincente, porque demasiado corrompido. Os barões do Norte preferiram ir matar os Albigenses a esbarrarem nas cimitarras dos muçulmanos.

Mesmo assim, foi organizada uma quinta cruzada, entre 1217 e 1221. Terminou com a tomada de Damieta, no Egito, e sem mais êxitos. Foi esta a época escolhida pelos Mongóis para lançarem uma operação de invasão, criando uma nova frente, muito difícil de manter. Sem muita dificuldade, apoderaram-se do Irã. Todavia, Frederico II de Hohenstaufen, imperador germânico excomungado pelo papa, devolvera Jerusalém aos cristãos. O que as armas não haviam conseguido, obtivera Frederico II mediante negociações diplomáticas. Infelizmente, em 1244, a Cidade Santa viria a cair nas mãos dos Turcos.

O fim de um reino e de uma ordem

Durante todo este tempo, os Templários estiveram praticamente em todas as frentes de batalha, alimentando, graças à gestão genial de um patrimônio ocidental colossal, o esforço de guerra no Oriente. Mas o povo, os nobres, começavam indubitavelmente a cansar-se. As vitórias e as derrotas sucediam-se, tornavam-se banais. Já não existia o entusiasmo inicial. Em contrapartida, o Oriente influenciara o Ocidente. O contato com outra civilização deixara marcas, principalmente entre os altos iniciados dos cavaleiros templários. Tinham aparecido produtos novos nos mercados da Europa; haviam-se desenvolvido técnicas e ciências graças a frutuosas relações estabelecidas entre sábios e letrados das duas civilizações. E muito conhecimento oculto e secreto foi descoberto pelos Cavaleiros do Templo em seu contato com judeus e muçulmanos.


O Ocidente abria-se ao fascínio do Levante.

Um homem ainda pensava ter o dever de levar o ferro da espada, em “nome de Cristo”, ao seio dos infiéis muçulmanos: Luís de França (canonizado pela igreja mais tarde). Em 1248, iniciou a catastrófica sétima cruzada. Em nome de um ideal, desdenhava das realidades, recusando-se a ouvir aqueles que, como os Templários, conheciam bem os problemas locais. Acumulou erros e sofreu uma grave derrota em Mansurá (Al-Mansurah), enquanto os Mamelucos turcos consolidavam o seu poder no Egito. Em 1254, “São” Luís regressou a França. Quatro anos mais tarde, os Mongóis de Gengis Khan apoderaram-se de Bagdá, em 1258, pondo fim ao califado abássida. Em 1260, foram repelidos para a Síria pelos Turcos e, no ano seguinte, os Gregos retomavam Constantinopla.

Em 1270, “São” Luís, que nunca percebera nada e nem sempre retirara as lições da sua primeira campanha, participava na oitava cruzada. Encontrou a morte em frente a Túnis, nesse mesmo ano. Em 1282, foi concluída uma trégua de dez anos com o Egito, enquanto os Cavaleiros Teutônicos haviam decidido levar as suas espadas mais para norte e criar um reino na Prússia (semente do estado germânico). Em 1285, Filipe III, cognominado o Audaz, que sucedera a São Luís no trono de França, extinguia-se, deixando o lugar a Filipe IV, o Belo. Seis anos mais tarde, com a derrota de São João de Acre, no decurso da qual foi morto o Grão-Mestre da Ordem do Templo, Guillaume de Beaujeu, a Terra Santa foi perdida e evacuada definitivamente. Os Cavaleiros Templários se retiraram para a ilha de Chipre.

Em 1298, Jacques de Molay tornou-se o Grão-Mestre da Ordem: o último Grão-Mestre. Um ano mais tarde, organizou uma expedição ao Egito, mas o reino latino de Jerusalém acabara de vez. Filipe, o Belo, teve violentos confrontos com o papa Bonifácio VIII, que o excomungou, em 1303. O sumo pontífice morreu nesse mesmo ano. Em 1305, o seu sucessor, também ele em litígio com Filipe, o Belo, morreu envenenado e o rei de França tornou papa um homem com quem fizera acordos: Bertrand de Got, que reinou sob o nome de Clemente V.

Nesse mesmo ano, foram lançadas acusações (forjadas por Filipe o Belo) de extrema gravidade contra a Ordem do Templo, que assumiram a forma de denúncias feitas perante o rei de França. Acusações duvidosas mas que surgiam num bom momento: a Ordem inquietava a muitos e o rei francês, falido, queria por a mão em suas riquezas, agora que o seu poder já não tinha onde se exercer no Oriente. Em 1306, Filipe, o Belo, sempre sem dinheiro, baniu os judeus do reino de França, não sem antes os ter espoliado dos seus bens e de ter mandado torturar alguns deles. Em 1307, mandou prender todos os cavaleiros templários do reino da França e escolheu para tal fim a data de 13 de Outubro,uma sexta feira.

Acima: Em primeiro plano, Jacques de Molay, o último Grão mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários

A 17 de Novembro, o papa acedeu a pedir a prisão dos cavaleiros da Ordem dos Templários por toda a Europa. Foram realizadas acusações estereotipadas e a instrução do processo fez-se com a ajuda da tortura. Mesmo assim, o papa tentou organizar a regularidade dos procedimentos mas não ousou atacar diretamente o rei de França. Pouco a pouco, os Templários tentaram formalizar a sua defesa mas, a partir de 1310, alguns deles foram condenados e conduzidos à fogueira. Em 1312, quando do segundo concílio de Viena, a Ordem do Templo foi extinta sem ser condenada. Os bens dos Templários foram, teoricamente, devolvidos aos Hospitalários de São João de Jerusalém.

No dia 18 de Março de 1314, o Grão-Mestre, Jacques de Molay, e vários outros dignitários cavaleiros da Ordem dos Templários foram queimados vivos. Um mês mais tarde, a 20 de Abril, morreu, por sua vez, o papa Clemente V. No dia 29 de Novembro ocorreu a morte de Filipe, o Belo. A Ordem do Templo extinguira-se mas a sua história não terminara. Deixou vestígios que, tal como as catedrais que ajudara a construir, transpuseram o tempo. Vivera mais de dois séculos, período durante o qual a evolução da civilização ocidental fora muito importante, muito mais do que deixa entender a concepção estática que geralmente se tem em relação à Idade Média.

Foram dois séculos de evolução econômica, de desenvolvimento do comércio e do artesanato, de progresso nas artes. Dois séculos que marcaram para sempre o mundo. A Ordem dos Cavaleiros Templários esteve intimamente ligada a essa evolução e esse não é o menor dos mistérios que agora teremos de abordar.

Continua…

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